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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A lenda do entalado

Portugal, talvez devido à sua idade, é um país rico em lendas (ao menos somos ricos em qualquer coisa). Uma das mais antigas relata a história de Martim Moniz, um desgraçado que teria morrido entalado numa das portas do castelo de Lisboa, aquando da conquista da cidade aos Mouros, por D. Afonso Henriques, em 21 de Outubro de 1147, faz hoje precisamente 863 anos.

Reza a lenda que D. Afonso Henriques, aproveitando a passagem por esta região de uma enorme quantidade de Cruzados franceses que se dirigiam à Terra Santa para praticar o desporto favorito dos ricos daquela época - basicamente consistia em matar muçulmanos e pilhar os seus bens, à mistura com umas violações e outras coisitas do género - terá solicitado a sua ajuda para conquistar Lisboa aos Mouros, que a tinham tomado por volta do ano 711 da nossa era. Em troca poderiam saquear e pilhar a cidade a seu bel-prazer, bem como fazer os escravos que entendessem. Tal hábito criou escola entre os futuros governantes portugueses e ainda hoje se mantém.

A conquista levou bastante tempo, pois o castelo revelava-se inexpugnável. Até que um dia, o tal de Martim Moniz, aproveitando o que se crê ser uma saída dos Mouros, numa tentativa de repelir mais um assalto, decide meter-se onde não era chamado e acaba por ficar entalado numa das portas do castelo. Os muçulmanos bem tentaram fechar as portas, mas o tal Martim, como hoje é moda chamar-se aos meninos para dar um ar "fino", era um bocado anafado e, juntamente com o peso da armadura revelou-se um fardo difícil de remover. Os seus gritos soavam longe e acabaram por atrair mais cristãos, os quais conseguiram forçar a entrada e assim penetrar nas defesas dos Mouros. Como recompensa Afonso Henriques deu o seu nome à porta do castelo onde pereceu entalado. Muitos anos mais tarde ganhou o direito a ostentar o seu nome num largo da cidade.

A lenda insiste em que Martim Moniz terá gritado para chamar os companheiros. Não duvido que tal tenha acontecido, mas certamente não lhe terá passado pela cabeça que, com isso, pudesse contribuir para a conquista da cidade, o que o homem certamente queria era livrar-se de tal entalão pois as portas eram pesadas e devia doer como o caraças. Fosse como fosse, acabou por morrer, tornando-se no primeiro entalado português, o primeiro sacrificado para que outros, mais ricos e poderosos, continuassem com a sua boa vidinha. E assim a futura capital do país foi conquistada e os Mouros expulsos, embora algumas pessoas insistam na tese segundo a qual de Vila Nova de Gaia para baixo continuamos todos a ser Mouros.

Desde então muito mais entalados têm visto a luz do dia e também apagado o maçarico, neste cantinho lusitano, enquanto proliferam os outros, aqueles pelos quais tantos se entalam, sem, no entanto, se dignarem conceder-lhes a honra de ver o seu nome dado a uma porta de castelo ou a um largo na cidade, como fizeram ao tal Martim. Os entalados de agora, quando muito, limitam-se a ver o seu nome em avisos das Finanças ou em listas do IEFP.

Ainda hoje a sua memória perdura, não apenas junto dos sem-abrigo que são em grande quantidade naquela zona, mas também, e em especial, junto das putas e dos vendedores de droga que, dia e noite, faça chuva ou faça sol, se reúnem no Largo do Martim Moniz aguardando pelos respectivos clientes, sem sequer reparar no castelo que encima a Mouraria (este link não deve passar sem um visionamento, contém uma galeria de fotos de excelente qualidade, da autoria de Dias dos Reis, das quais a seguinte faz parte).

Grande Martim Moniz, foste o primeiro entalado, mas descansa, não terás sido o último e a tua legião de seguidores não pára de engrossar. A continuar assim, um dia seremos tantos que o melhor será chamar os Mouros de volta.


2 comentários:

Aluno sempremforma disse...

O que é isto hahaha.
Se querem ver um blogue a sério vam:


sempremforma isso é que é um blogue.

Martim disse...

Eu gosto deste blogue é muito giro