Esta característica do povo português é, quanto a mim, a que mais acentuadamente nos distingue de todos os outros: somos muito prá-frentex e temos sempre o último grito da tecnologia, mesmo que, para isso, tenhamos de comer salsichas o mês todo ou ficar a pagar prestações equivalentes a 130% do nosso rendimento mensal. Há o tipo que nunca saiu, e nunca tenciona sair, do Barreiro, que até discute com os amigos de café os nomes que as ruas tinham há dezenas de anos atrás e se recorda de cada milímetro do terreno antes de ser urbanizado e, mesmo assim, compra um GPS para o carrito. Compra um iPhone - não é qualquer um que anda com objectos inúteis de cento e tal contos no bolso - antes de qualquer americano e pouco depois do primeiro japonês (que só teve a vantagem do fuso horário). Deixou de ver jogos de futebol na televisão; - É pá, aquilo ontem foi um roubo! Eu estava na sala a ver no plasma e ali vê-se bem que aquilo é falta para penalty. Ninguém lhe pergunta nada, mas ele diz: - Aquilo do GPS é mesmo bom, ontem escrevi o nome da tua rua e fui andando e aquela coisa foi lá dar. Cenas do caraças! E o telefone? Último grito, mas não sei escrever os números na agenda, escreve aí num papel que eu guardo. Porra! Já viste que a gente muda o telemóvel de posição e a imagem muda também? Pá, isto é o mais caro que anda aí. Se eu quiser até posso ir à Internet, àquela cena do WWW@pontoCome. Olha comprei um portátil, não penses que é desses que o engenheiro vende aos putos e aos professores, tenho lá um desses mas não uso. Este é bem melhor, trás um cabo eléctrico de três metros, mais a extensão que veio de borla, e já chega ao quintal. O outro nem podia sair da sala!
Nestes dias em que os brasileiros enchem os noticiários, mesmo sem serem jogadores de futebol nem terem aquelas pernas fabulosas da Ivete Sangalo, a imagem até serve muito bem o fim a que se destina...
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